sábado, 29 de agosto de 2009

Cristina, o sistema viário, o asfalto e as preocupações educativas

Tenho uma amiga espanhola, Cristina, que está no Brasil há três meses. Eu a conheci em Madrid, quando fui dar aulas numa academia de línguas. Ela foi a aluna mais interessada na Língua Portuguesa. Isso porque estava apaixonada por um brasileiro e passava parte de suas noites conversando com ele pelo Skype.
Pela necessidade de se comunicar bem com o amado, Cristina teve um processo de aprendizagem impressionantemente rápido! Ela aprendeu a nossa língua em poucos meses. Em Madrid, ia a todos os shows de música brasileira, às palestras e conferências de brasileiros que apareciam por lá, como Nélida Piñon, Ferreira Gullar e, com certeza, dezenas de outros que eu não lembro agora. Enfim, ela se interessava por tudo o que era do Brasil, principalmente música e poesia. Lia as revistas online, os jornais e, sem nenhuma dúvida, sabia mais do que eu sobre o que estava rolando no Brasil.
Depois de muitas idas e vindas ao Recife - seu namorado mora aqui -, ela decidiu permanecer nesta cidade por três meses. Convenceu seus chefes da Espanha de que poderia trabalhar à distância e que, além disso, aumentaria sua produtividade. E foi o que aconteceu! A verdade é que ela consegue tudo o que se propõe, sendo realmente um exemplo de determinação. Essa determinação vai ao ponto dela ter chegado no Recife e ter decidido que iria dirigir o carro do namorado... no caos que é o trânsito do Recife. E, já na primeira semana, saiu corajosamente pela cidade. Ela me contou que, muitas vezes, dá voltas e mais voltas e não sabe onde está....mas que sempre chega onde quer.
Ontem, quando Cristina me trazia do médico - na hora difícil (entre 18 e 18: 30 h) -, dei muitas risadas. Ela perguntou, em um misto de surpresa e irritação, de onde saíam tantas bicicletas, motos e carrinhos de mão (puxados/empurrados por pessoas), nas ruas e avenidas da cidade. Revelou que sentia uma grande dificuldade de dirigir aqui, pois as pessoas cruzavam diante dos carros; as bicicletas, também; as motos, da mesma forma; e os carrinhos, idem. Segundo ela, dirigir aqui é complicado porque, além da enorme variedade de meios de locomoção circulando pelo nosso sistema viário, é muito comum encontrar cavalos, cachorros, galinhas, vacas...soltos pelo meio da rua.
Entendi seu sentimento perfeitamente. Também tenho sentido dificuldades no trânsito recifense. Mas, para mim, o pior são os buracos. As chuvas constantes do inverno nordestino e o trabalho mal feito de asfaltamento das ruas provocam a erosão/desaparecimento do asfalto. Aparecem uns buracos enooooormes, repentinamente. Por mais de dez vezes, nesse mês de agosto, pensei ter rebentado as rodas dos carros onde eu estava. Fico muito indignada nessas situações. Xingo taaaaanto o outro Joãozinho - prefeito do Recife.
Escrevendo, lembrei de um taxista que me contou, há alguns dias, que seu carro tinha quebrado duas vezes no mesmo mês, devido aos buracos da cidade. Com isso, ele perdeu vários dias de trabalho. Segundo ele, jamais atrasava o pagamento dos impostos. Sua tristeza e decepção era saber que tinha que dispor do dinheiro dos impostos, do dinheiro dos consertos do táxi e do dinheiro para sobreviver nos dias parados. Ele se sentia pagando triplamente pela mesma coisa. É um exemplo claro de que a cidadania não é respeitada. Complicadíssimo para quem é idôneo e responsável! É um um eterno "dar, sem retorno".
Enquanto isso, Lula diz que temos que esperar, pois o presal financiará a educação. Como assim?!? Esse foi o maior absurdo que eu já ouvi nos últimos tempos!!!!
E ele se prepara para comprar 4 ou 5 submarinos nucleares. Para quê???????? Afffff, que doideira!
Bom, comecei este post falando sobre Cristina e terminei batendo na mesma tecla que tenho batido nos últimos tempos: minha indignação com a situação de desrespeito completo pelo povo brasileiro e - o mais preocupante!!! - a total falta de ética que está disseminada em nosso país, de sul a norte.
Tudo o que está escrito neste texto só se resolve com EDUCAÇÃO. Não tem outra saída! Não adianta investir em outras áreas, porque é adiar o real crescimento/desenvolvimento do país.
Eu acreditei que o Lula ia promover uma grande revolução educativa. Ou que ia abrir a possibilidade de construção de projeto educativos mais permanentes - projetos para os próximos 30, 40 anos, como aconteceu com a China e a Coréia. Projetos discutidos, consensuados, onde toda a população se comprometeria a - junto com o governo - cumprir esses projetos, sem permitir que os próximos governos voltassem a mexer e destruir tudo o que foi acordado. Mas ele perdeu essa oportunidade. Aiiii.....Lula! Quando o próximo presidente assumir, os paliativos educacionais voltarão a ocorrer...por mais 4 ou 8 anos. Quase podemos dizer que são paliativos "sazonais", que vão variando e governo a governo, sem nunca acontecer um estudo mais profundo que realmente revolucione e eduque o povo brasileiro. E essa é a única saída!
Que difícil! Que triste!

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